
O IMPÉRIO ROMANO E O CUMPRIMENTO DA PROFECIA DE DANIEL 7
CRISTO E O DECRETO (PARTE XIX) – Na parte final do estudo que Cristo fazia das Escrituras Sagradas, especialmente do livro do profeta Daniel, capítulo 7, Ele leu a solene confirmação da visão profética: “Esses grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra” (Daniel 7:17, NVI).
*por Cássio Nabuco
Editor: Júlio César Prado
O texto revela que as quatro bestas simbolizam quatro impérios mundiais que dominariam sucessivamente a história humana: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma.
Mas Daniel recebeu detalhes adicionais sobre a quarta besta, a mais terrível e diferente das anteriores: “Continuei observando os chifres, e eis que entre eles subiu outro pequeno chifre, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que nesse chifre havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava com arrogância.” (Daniel 7:8, Nova Bíblia Viva, Editora Mundo Cristão).
Em seguida, o profeta ouviu do próprio anjo de Deus a explicação sobre o significado dos chifres: “Os dez chifres desse animal representam dez reis que se levantarão daquele império. Depois deles, se levantará outro, diferente dos primeiros, o qual abaterá três reis” (Daniel 7:24, Nova Bíblia Viva).
O Espírito Santo fez Cristo compreender que a expressão “aparecer desse império” significava que, quando o Império Romano caísse, surgiriam dez reinos de sua fragmentação. Onde terminava o corpo da besta — a cabeça, símbolo do poder romano — começava a fase dos dez chifres, os dez reinos bárbaros que resultariam da divisão do império.
O PEQUENO CHIFRE: UM PODER DIFERENTE
A profecia diz: “Depois deles se levantará outro rei, que será diferente dos primeiros” (Daniel 7:24, Almeida Revista e Atualizada).
Esse “outro rei” seria diferente em natureza e propósito. Enquanto os dez chifres representavam reis seculares e guerreiros, o “pequeno chifre” simbolizava um poder religioso-político — um Sumo Sacerdote que governaria não apenas sobre uma igreja, mas sobre reis e nações.
Assim como, nos dias de Jesus, Caifás, o sumo sacerdote do judaísmo, usou o poder de Roma para perseguir e matar o Filho de Deus, o Espírito Santo revelou que no futuro um outro sumo pontífice — ligado à ponta romana da quarta besta — se levantaria. Esse líder, representando uma igreja poderosa, usaria também o poder civil e imperial para perseguir os seguidores de Cristo.
“Vi esta mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus.” (Apocalipse 17:6).
A história sagrada (a Bíblia) profetizou esses tempos, personagens e acontecimentos, que mais tarde a história secular confirmaria com impressionante precisão.
A DIVISÃO DO IMPÉRIO ROMANO
Com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., Roma deixou de ser imperial e passou a ser Roma Papal. O poder do imperador enfraqueceu, e o Bispo de Roma — o Papa — começou a crescer em influência sobre a Europa, assumindo autoridade espiritual e política.
Abaixo estão os dez reinos resultantes da divisão do Império Romano, com o respectivo ano aproximado de formação, o reino atual e o destino dos três que foram destruídos:
1. Alemãos (Alemanos) 351 d.C. Alemanha (Permaneceram)
2. Francos 351 d.C. França (Permaneceram)
3. Burgúndios 406 d.C. Suiça (Permaneceram)
4. Suevos 406 d.C. Portugal (Permaneceram)
5. Vândalos 406 d.C. Extintos (Destruídos)
6. Visigodos 408 d.C. Espanha (Permaneceram)
7. Anglo-Saxões 409 d.C. Inglaterra (Permaneceram)
8. Lombardos 454 d.C. Itália (Permaneceram)
9. Ostrogodos 453 d.C. Extintos (Destruídos)
10. Herúlos 476 d.C. Extintos (Destruídos)
Esses três reinos — Vândalos, Ostrogodos e Hérulos — foram aniquilados porque se opuseram ao poder crescente do papado e não aceitaram a autoridade religiosa de Roma, recusando-se a se submeter às suas doutrinas e tradições, inclusive à imposição do domingo como dia sagrado.
Esses três reinos — Vândalos, Ostrogodos e Hérulos — foram aniquilados porque se opuseram ao poder crescente do papado e não aceitaram a autoridade religiosa de Roma, recusando-se a se submeter às suas doutrinas e tradições, inclusive à imposição do domingo como dia sagrado.
ROMA IMPERIAL E ROMA PAPAL
Com a destruição desses três reinos, o caminho ficou livre para o papado consolidar seu domínio sobre a cristandade. Assim, Roma deixou de ser o centro de um império político e tornou-se o centro de um império religioso, com o Papa como seu líder supremo — “um rei diferente dos primeiros”.
“E ele proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos por um tempo, tempos e metade de um tempo” (Daniel 7:25).
A profecia de Daniel 7, portanto, não apenas descreve a sucessão dos impérios mundiais, mas também prediz o surgimento de um poder religioso que uniria fé e política, exercendo domínio sobre reis e povos durante séculos — algo que a própria história da Idade Média confirma amplamente.
O estudo de Daniel 7 mostra que Deus governa a história. Nenhum império, por mais poderoso que seja, pode alterar os planos divinos. As profecias cumpridas até aqui são garantias do cumprimento final: o estabelecimento do Reino eterno de Cristo, conforme a visão de Daniel: “O tribunal se assentará, e lhe será tirado o domínio, para o destruir e o consumir até o fim. E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” (Daniel 7:26-27).
O mesmo Cristo que revelou essas verdades a Daniel é o Juiz e Redentor que em breve virá. O domínio humano tem prazo, mas o Reino de Deus é eterno.
No livro O Grande Conflito, Ellen G. White apresenta uma interpretação inspirada e coerente com as Escrituras. Ela identifica o “pequeno chifre” de Daniel 7 com o mesmo poder simbolizado pela “besta” de Apocalipse 13 — um sistema religioso que misturou o sagrado com o profano, mudou os tempos e a lei de Deus, e perseguiu os santos durante o período profético de 1.260 anos (538 a 1798 d.C.).
“O pequeno chifre de Daniel 7 e a besta semelhante ao leopardo de Apocalipse 13 representam o mesmo poder. O período de domínio deste poder, 1.260 anos, corresponde ao tempo em que a Igreja esteve em cativeiro espiritual e perseguição” (Ellen G. White, O Grande Conflito, cap. 25).
Ela explica que, quando o império romano caiu, o poder civil foi substituído por um poder eclesiástico, que dominou não apenas as consciências, mas também os governos. Essa união de igreja e estado produziu séculos de trevas espirituais — o período conhecido como Idade Média ou Era das Trevas.
“Durante séculos, as doutrinas humanas substituíram a Palavra de Deus, e as tradições tomaram o lugar da verdade” (O Grande Conflito, cap. 3).
Porém, Ellen White destaca que a profecia não termina com a supremacia desse poder. Daniel viu, em visão, o juízo celestial, no qual Deus retira o domínio da besta e entrega o Reino eterno ao Seu povo: “O tribunal se assentará, e lhe será tirado o domínio, para o destruir e o consumir até o fim. E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo.” (Daniel 7:26-27).
Assim, a profecia de Daniel 7 não é apenas um relato do passado — é um aviso para o presente e uma promessa para o futuro. Mostra que, por trás das potências humanas, há um Deus soberano conduzindo a história, e que o juízo celestial já começou preparando o caminho para a vinda gloriosa de Cristo e o estabelecimento do Seu Reino eterno.
“O grande conflito entre o bem e o mal caminha para sua conclusão. O juízo está em andamento no Céu. Em breve, Cristo virá para libertar Seu povo e estabelecer Seu reino de justiça e paz.” (Ellen G. White, O Grande Conflito, cap. 41).
O estudo de Daniel 7 confirma que as profecias são o mapa da história. O mesmo Deus que revelou o surgimento e a queda dos impérios humanos é o que prometeu o triunfo final do Seu Reino.
As palavras do profeta ecoam ainda hoje como um convite à fidelidade: “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre” (Daniel 7:18).
Cristo virá em breve, e todos os reinos humanos passarão. Somente o Reino de Deus permanecerá para sempre (Foto: Ilustração/Divulgação) (CONTINUA)
*O autor, Cássio Nabuco é professor de religião

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