
OS VALDENSES E O REINADO DE TERROR – Os Valdenses foram os primeiros dentre os povos da Europa a obter a tradução das Sagradas Escrituras, centenas de anos antes da Reforma. Por volta do ano 1140, o número dos reformadores era tão grande que alarmou o papa. Pedro Valdo, nativo de Lyons, famoso por sua piedade e ensinos, tornou-se um forte opositor do papado, e desse tempo em diante os reformadores passaram a ser chamados de Valdenses (Fox, Book of Martyrs – Philadelphia: Claxton, Remensen and Haffelfinger, 1871 – pág. 60).
*Publicado por Júlio César Prado
Os Valdenses tinham a verdade incontaminada, declaravam ser a Igreja de Roma a Babilônia apóstata do Apocalipse, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e guardavam o Sábado (ver a obra O Grande Conflito, pág. 65). As igrejas Valdenses em sua pureza e simplicidade assemelhavam-se à igreja dos tempos apostólicos. Determinando-se Roma a exterminar os Valdenses, uma bula foi promulgada pelo papa, condenando-os como hereges e entregando-os ao morticínio. Uma porção considerável do texto do edito papal expedido por Inocêncio VIII, em 1487, contra os Valdenses encontra-se em latim e em francês, na obra de J. Léger, Historie des Eglises Vaudoises.
Não eram acusados como ociosos, desonestos ou desordeiros, mas declarava-se que tinham uma aparência de piedade e santidade que seduzia as ovelhas do aprisco. Portanto ordenava o papa que aquela maligna e abominável seita de perversos, caso se recusasse a abjurar, fosse esmagada como serpentes venenosas.
As promessas do Velho Testamento sobre o reinado do Messias na terra foram espiritualizadas e aplicadas para a igreja. Em que tem consistido o reinado da igreja? A história mostra quão trágico foi o reinado de terror da igreja na Idade Média (Daniel 7:25) quando os santos do Altíssimo foram massacrados e perseguidos por três anos e meio proféticos; o sangue dos santos foi derramado a tal ponto de a profecia dizer que Babilônia ficou embriagada com o sangue dos santos (Apocalipse 17:6).
“No século XIII foi estabelecido o mais terrível de todos os estratagemas do papado, a Inquisição. O príncipe das trevas trabalhava com os dirigentes da hierarquia papal. Em seus concílios secretos, Satanás e seus anjos dirigiam a mente de homens maus, enquanto, invisível entre eles, estava um anjo de Deus, fazendo o tremendo relatório de seus iníquos decretos… O papado se tornou o déspota do mundo. Reis e imperadores curvavam-se aos decretos do pontífice romano. O destino dos homens, tanto temporal como eterno, parecia estar sob seu domínio… Seu clero era honrado e liberalmente mantido. Nunca a igreja de Roma atingiu maior dignidade, magnificência ou poder… Os palácios dos papas e prelados eram cenários da mais vil devassidão. Alguns dos pontífices reinantes eram acusados de crimes tão revoltantes que os governadores seculares se esforçavam por depor esses dignitários da igreja como monstros demasiado vis para serem tolerados. Durante séculos a Europa não fez progresso no saber, nas artes ou na civilização. Uma paralisia moral e intelectual caíra sobre a cristandade” (O Grande Conflito, pág. 60). Toda essa história vai se repetir novamente agora nos últimos dias, no contexto de Apocalipse 13.
A IGREJA PERSEGUIDA
A “cidade santa”, que seria pisada durante quarenta e dois meses, ou, em outras palavras, a mulher pura que seria perseguida por 1260 anos, representa a igreja verdadeira, assim como, por outro lado, a “grande cidade” ímpia, ou a “grande prostituta”, simboliza a igreja-mãe apostatada, aquela igreja que se diz sucessora direta dos apóstolos, mas que nenhuma semelhança tem com a igreja apostólica, uma vez que perdeu os princípios de doutrina e prática mantidos nos tempos apostólicos. A igreja verdadeira tem, pois, por símbolo, Jerusalém, a cidade santa; a falsa igreja, que substituiu, em grande parte, o cristianismo original pelo paganismo, tem por símbolo a grande Babilônia, a grande cidade ímpia.
Os “quarenta e dois meses” de perseguição, são os mesmos “mil duzentos e sessenta dias” e também os mesmos “tempo, e tempos, e metade de um tempo” (Ver Daniel 7:25; 12:7; Apocalipse 11:2, 3; 12:6, 14; 13:5). Visto como em profecia bíblica um dia equivale a um ano (Ezequiel 4:6), esses 1260 dias são 1260 anos. Referem-se ao tempo de supremacia absoluta da “grande Babilônia”. Começam em 538 da era cristã, quando o papa Virgílio foi revestido de poder secular, e terminam em 1798, quando o papa Pio VI foi exilado por ordem de Napoleão Bonaparte. Durante esse período, os verdadeiros seguidores de Cristo sofreram terrível perseguição. Foram acossados injustamente como hereges. Milhões morreram queimados, enforcados, decapitados, despedaçados pelas feras, etc. Desse tempo de opressão disse Jesus: “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem” (Lucas 21:24).
E foram perseguidos por que? Por que fossem nocivos à sociedade, injustos, perversos, desordeiros, criminosos? Não! Mil vezes não! Eram seguidores de Cristo. Eram puros, bons, verdadeiros, justos, obedientes a Deus. Foram perseguidos pelo mesmo motivo por que o apóstolo João foi exilado para a ilha de Patmos, a saber, “por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:9) (Foto: Ilustração/Divulgação).
*Júlio César Prado é jornalista

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