Apocalipse 17

Uma amiga internauta perguntou-me qual é o posicionamento oficial da Igreja sobre Apocalipse 17.

Além de respondê-la diretamente no blog, decidi adaptar e disponibilizar a resposta a todos os internautas, considerando que muitos manifestaram a mesma dúvida.

Resumidamente, a igreja tem dois principais posicionamentos sobre os “Sete Reis” de Apocalipse 17. A terceira posição, de Ekkehardt Mueller, é mais recente e já disponibilizei o link para a leitura da mesma no primeiro post dessa série.

Vamos lá.

Primeira posição: Os sete reis de Apocalipse 17 representam “sete formas de governo” de Roma, desde sua fundação: realeza, consulado, decenvirato, ditadura, triunvirato, império e papado.

Segunda posição: Os sete reis de Apocalipse 17 representam “sete reinos ou impérios” que oprimiriam o povo de Deus ao longo da história: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma Imperial e Roma Papal.

Perceba que as duas posições diferem entre si, porém, não na essência, pois, o papado está presente em ambas as interpretações, de acordo com o estudo historicista de Daniel 7, 8 e Apocalipse 13.

Convém destacar que os irmãos católicos nada têm a ver com a presença do papado nessa profecia, e que Ellen White afirma claramente que em todas as igrejas, não excetuando a Católica Apostólica Romana, há filhos sinceros de Deus que vivem segundo a luz que receberam, e que estarão no céu por Sua graça (ver O Grande Conflito, p. 449. Confira meu artigo intitulado “Os adventistas ensinam que os observadores do domingo têm o sinal da besta?”, clicando aqui).

Minha esposa me enviou uma resposta de José Carlos Ramos, que foi professor de Teologia e diretor de pós-graduação do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), onde ele apresenta esses dois posicionamentos principais supracitados.

Essa resposta se encontra na “Revista Adventista” de junho de 2005, p. 10, na seção “Consultoria Doutrinária” e pode ser lida ao clicar aqui – desde que folheie a Revista Adventista online até a página 10.

Se a mesma tivesse sido levada à sério como deveria, eu não precisaria ter postado algo sobre um assunto que já foi tão bem explicado pelo professor Ramos. Porém, infelizmente…

A igreja adota o método historicista de interpretação por ser esse o modelo apoiado pela Bíblia (veja Daniel 2). Por fugirem desse modelo e adotarem certas opiniões “mais dispensacionalistas que adventistas”, alguns descambaram para a teoria dos “sete papas”. Um desastre, por se abandonar o sistema interpretativo historicista que marcou o surgimento do adventismo.

Há outros estudos sobre Apocalipse 17 que poderei disponibilizar no futuro. Todavia, no momento encerro minha abordagem a esse tema, na esperança de que o artigo de José Carlos Ramos seja levado a sério e incentive a cada filho de Deus a estudar as profecias com dedicação, seriedade e com o auxílio do Espírito Santo (Jo 16:13).

Deus abençoe a cada um de vocês!

ARTIGO DE LEANDRO QUADROS

 www.leandroquadros.com.br

2 respostas para “Breve resumo do posicionamento oficial da Igreja Adventista sobre Apocalipse 17”.

  1. Não se deve confundir posicionamento oficial da Igreja Adventista com posicionamento tradicional de adventistas. São coisas absolutamente distintas. Por mais qualificadas que sejam, pessoas não podem assumir posição de porta-vozes da Igreja. Assim fazendo podem estar usurpando prerrogativas, disseminando opiniões que podem se revelar inadequadas, o que não é nem correto e nem aceitável.
    O sistema historicista interpretativo que pontuou a origem profética do movimento adventista refere-se ao pre-milenarismo e à rejeição do dispensacionalismo evangelicalista e não a interpretações literais dos capítulos 13 e 17 do livro da Revelação. Várias versões, do NT, como a Almeida Contemporânea, a Bíblia Judaica Completa e a NVI trazem uma conotação que de maneira alguma exclui a possibilidade de o oitavo rei ser a besta enfocada. Aliás, esta interpretação fica reforçada.
    Seja como for, não é a opinião de quem quer que seja que irá modificar os acontecimentos futuros prefigurados. O que tiver que ser, será e o que tiver que vir, virá, independentemente das opiniões de homens.
    O que não parece correto é que opiniões sejam combatidas sob o pretexto de heresia, quando não se harmonizem com as ideias de quem não as reconheça. As opiniões e interpretações devem ser analisadas e aceitas – ou descartadas, de maneira livre e democrática, conforme a sua natureza. Agir de maneira diferente é agir com o mesmo espírito exclusivista, preconceituoso e intolerante que caracteriza o personagem que é objeto da profecia em questão.
    Com relação à preciosa obra do eminente professor José Carlos Ramos, mencionada na matéria comentada, é necessário que se esclareça, a bem da verdade, que o capítulo denominado Apocalipse 17: A Cura da Ferida Mortal e a Teoria do Sexto Rei, contido nas páginas 120 a 128, em momento algum ele repudia ou exclui a possibilidade aventada na teoria. Pelo contrário, ele assume uma postura sábia e prudente, “não com incredulidade, mas também não com entusiasmo tal que a consideremos uma verdade infalível”. (Obra citada, pp 123 e 124).
    Com o devido respeito e admiração que sempre tive pelo conceituado autor da matéria, devo dizer que esta possibilidade é, sim, plausível e deve ser também considerada e respeitada.
    Como afirmou o notável professor antes mencionado, “Ninguém pode fazer uma interpretação dogmática sobre o que está para vir… Não esqueçamos que esta nova interpretação é, para todos os efeitos, uma simples hipótese e nada mais do que isto: só o tempo a comprovará como verdade ou equívoco. Se lhe fecharmos o coração e ela finalmente for comprovada, poderemos nos prejudicar. Mas se a anunciarmos aos quatro ventos como verdade e então se comprovar que ela foi um grande equívoco, ser-nos-á pedra de tropeço. A Igreja e o mundo não precisam de alarmismo e sensacionalismo”. E ele conclui: “Vivamos de tal forma que, se Cristo vier amanhã, ou ainda hoje, louvado o Seu nome, estejamos prontos para saudá-lO e para nos reunir com Ele”.(P, 124).
    Sábias palavras, as do professor Ramos!

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