09 de junho de 2012
Há anos assumi a responsabilidade de criticar severamente em nossa revista Antimafia Duemila a forma de atuar dos altos cargos do Vaticano. Da mesma maneira critiquei fortemente a gestão do IOR, o banco do Vaticano. Por fazer isto fui tachado ou de ser um herético, um louco e inclusive um fanático. Graças à reconstituição dos últimos acontecimentos relacionados com o Vaticano, que emergiu graças ao trabalho dos colegas que têm feito somente seu dever a serviço da opinião pública (entre os quais vale a pena recordar a grande tarefa realizada por Gianluigi Nuzzi com seus livros “Vaticano Spa” e “Sua Santità”), assim como, graças à documentação expropriada ao ex-presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi (é muito significativo o fato de que tenha crédulo seu memorial a amigos de confiança temendo “ser assassinado”) considero que tenho a prova de não me haver equivocado. As obras ambíguas e obscuras que envolveram a este instituto o qual já estava marcado pelos escândalos concernentes a monsenhor Marcinkus, ao homicídio Calvi, ao Banco Ambrosiano e a Cosa Nostra, nunca foram esclarecidas de tudo.
Esta é a demonstração de que o poder criminoso desta organização continua impreterito sendo protegido por um manto de impunidade secular. Pelas notícias que estão saindo à luz (ver artigos anexos) destaca-se com clareza que o professor Gotti Tedeschi foi destituído porque estava empreendendo uma campanha de transparência. É razoavelmente lógico pensar que seu temor de ser assassinado derive de sua percepção de que através de códigos cifrados de algumas contas do IOR em relação às quais ele mesmo tinha pedido para conhecer quem era os reais titulares (recebendo em troca uma completa denegação por parte dos altos cargos do Vaticano e do mesmo diretor geral do IOR Paolo Cipriani) fora possível remontar não somente ao Bernardo Provenzano, mas também ao Matteo Messina Denaro (a Promotoria de Trapani está precisamente investigando o fato).
Diante deste horror me surpreende o silêncio e a hipocrisia de nós os católicos – cristãos. Surpreendem-me os contínuos aplausos ao Papa na Praça de São Pedro quando, entretanto seria mais coerente uma mobilização pacífica, mas com determinação, com faixas e coros que aclamem a “vergonha” além de exigir a verdade sobre o que está acontecendo.
diante destes cenários sigo cada vez mais convencido de que também os católicos são cúmplices deste silêncio! Não se pode permanecer calados ante a pedofilia perpetrada pelos religiosos, que em certos casos foram protegidos por seus próprios superiores os quais tinham pleno conhecimento nos mais altos níveis do Estado do Vaticano. E, sobretudo não se pode permanecer calados diante de expoentes dos altos cargos do Vaticano que são sócios de negócios dos assassinos de Falcone e Borsellino, ou daqueles que dissolveram no ácido o pequeno Giuseppe Di Matteo.
É necessário baixar à praça e pedir ao Papa em voz alta que faça luz sobre estes delitos. Mas se não o fará, a debilidade do Pontífice se transformará em covardia ou inclusive em cumplicidade com os assassinos da vida. E disto, o Papa e todos aqueles que se fizeram instrumentos destes atos criminosos, se não forem golpeados pela justiça terrena, seguramente não poderão escapar da justiça divina do filho de Deus, Jesus Cristo.
Giorgio Bongiovanni
OBS: Este editorial foi publicado no sito de Salvatore Borsellino, irmão do juiz Paolo Borsellino:
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Observação do adventismo em foco: Interessante notar que Giorgio Bongiovanni não entende o silêncio do Papa. Parece chocado, porque como bom católico foi ensinado desde criança que do papado só advém pureza e verdade. Mas descobriu, como todos os protestantes sabem, que de lá não vem nada de bom.

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