No fim da manhã de hoje saí de casa para trocar dinheiro e passar no supermercado. Virando a esquina me deparei com todas as lojas fechadas. Trânsito fluído e pouca gente na rua. As suspeitas se confirmaram depois que eu liguei para a minha assistente: sim, hoje é feriado. Mais um feriado, duas semanas após o mais recente. É feriado que não acaba.

Nesta segunda-feira 18 de junho (29 de khordad no calendário persa) se comemora o aniversário da primeira revelação do Corão ao profeta Maomé. No dia 5 de junho a nação celebrou a morte do imã Khomeini. Daqui a duas semanas, outro feriado, pelo aniversário do imã Mahdi, personagem central do xiismo. Em agosto haverá três dias parados.

Existem 26 feriados no calendário oficial iraniano, o que dá uma incrível média superior a dois por mês.

No Brasil contei 11 feriados nacionais, alguns dos quais, como Carnaval, com vários dias de recesso. Nos EUA, em torno de seis, dependendo do Estado.

Só o imã Hussein, mártir original do xiismo, tem três comemorações nacionais no Irã: Asua, véspera de sua morte; Ashura, data de seu cruel fim; e Arbaeen, pelos 40 dias de seu falecimento. Mártires, aliás, são festejados aos montes _Ali, Zadegh, Mahdi, Hazart Fatemesh e Reza têm cada um ao menos um feriado em sua homenagem.

A Revolução Islâmica é festejada três vezes. Tem o aniversário dos levantes de 5 de junho de 1963, tidos como o início do despertar popular que derrubou a monarquia, o da vitória sobre o xá (11 de fevereiro) e o do referendo que fez surgir a República Islâmica (31 março).

O feriado mais curioso é o Dia da Natureza, em 1º de abril.

Quase todos esses recessos foram criados pelo regime islâmico, embora também haja celebrações pagãs ou que remontam a tempos pré-islã, como o Ano Novo Persa, o Nowruz.

No início eu ficava enlouquecido com tantos dias sem poder fazer entrevistas ou tomar um café fora de casa, mas já me acostumei. Tem até o lado bom de poder curtir Teerã sem trânsito e com ar menos poluído.

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