
“Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”
Gn. 3:15-16
Esta é a profecia mais antiga do mundo, ela prediz a luta entre Satanás e a descendência dos filhos de Adão e Eva. Anuncia que um dia, o Filho de Deus nasceria como messias e acabaria com o poder de Satanás (simbolicamente, pisaria na cabeça da serpente). Esta profecia deve ter sido passada de forma oral, geração após geração, eles acreditavam que o messias nasceria em seus dias, vemos isso pelos nomes de seus filhos que são nomes messiânicos como Cain, ‘adquirido de Deus’ ou Noé ‘nos dará consolação’.
Em todas as culturas da antiguidade, vemos mitos de um deus ou filho dos deuses que combate um mostro, um dragão ou uma serpente que representa as forças do mal. Exemplos assim são a batalha de Marduk contra Tiamat, Baal contra Yan, Krishina contra o demônio serpente, Thor contra a serpente marinha do caos, Hércules contra a hidra, Perseu contra cetus e Osíris contra Apeb. Sendo comuns, pressupomos que estas mitologias tenham tido uma origem comum, sofrendo distorções posteriores.

É possível que Ninrod, o construtor da Torre de Babel (Gn. 10-11) tenha se aproveitado justamente desta profecia apresentando-se como um messias, um libertador! Veja que sua alcunha diz ‘como Ninrod poderoso caçador diante do Senhor’, ou seja, podemos conjecturar que ele estabeleceu uma nova teologia onde ele era o centro da religião! Sendo ele semidivino ou o ‘messias’, podia ser o sumo sacerdote, o rei e o ditador!
Outro fato interessante é o termo ‘caçador’, que pode ter relação com o mítico Gilgamesh que venceu monstros e feras selvagens e tem sido relacionado como um mito inspirado em Ninrod. Os antigos gregos chamavam a constelação de Órion de caçador que perseguia um touro pelos céus e tendo ao pé em forma de serpente, Eridanus o rio. Para muitos povos da Mesopotâmia, a constelação de Órion era Gilgamesh e a mesma constelação era em diferentes culturas, deuses que enfrentavam demônios em forma de dragão/touro e serpentes como Osíris, Marduck, Ninurta e outros. Isso nos leva a concluir que também as constelações tenham uma origem comum.
Estudiosos apontam que a tradição judaica fala que os patriarcas anteriores ao dilúvio inventaram a astronomia. Talvez, observando e imaginando desenhos nas estrelas eles inventaram um meio de contar suas histórias e transmiti-las a outras gerações através das constelações. Era um método melhor do que a escrita, pois sempre estaria lá!
“Adão, Sete e Enoque … São os inventores deste conhecimento especializado em estrelas e suas ordens e, para que sua visão não fosse perdida seus descendentes fizeram dois pilares de pedra e de tijolos” Flávio Josefo, Antiguidades, II, 3.
Por certo a astronomia foi vital para a agricultura e talvez os primeiros agricultores Adamicos e pós diluvianos a tenham desenvolvido com esta finalidade. O controle das estações do ano se tornou tão importante que facilmente os idolatras começaram a considerar os corpos astronômicos como seres divinos. Mas e se além da agricultura, uma profecia estivesse contada nos céus? Não seria ainda mais fácil transformar a astronomia em idolatria?
Note o quanto a constelação de Órion se parece com Gn. 3:15. Há um guerreiro lutando e ao seu pé uma forma igual à serpente, a constelação que chamamos de Eridanus. Certamente os nomes e até alguns significados mudaram com o passar dos séculos, mas sua origem misteriosa abre a possibilidade de que as constelações fossem a história anterior ao dilúvio contada nas estrelas.
Seria possível que Ninrod tenha se identificado com Órion e dito ser ele, o caçador e messias que estava chegando para combater o demônio e livrar seu povo?


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