O Tempo Final
Os Adventistas do Sétimo Dia em Portugal estão neste momento a tomar consciência do impacto que algumas das recentes medidas debatidas e acertadas em concertação social entre governo, patrões e sindicatos, podem ter em relação à prática da sua fé, nomeadamente a observância do Sábado do sétimo dia (questão esta à qual hoje mesmo já fiz referência, aqui), uma das nossas crenças fundamentais.
Acontece que, e recorrendo à informação prestada pela Área de Liberdade Religiosa da União Portuguesa (que pode ler a íntegra no final deste texto), “o acordo de concertação social a que o Governo e os parceiros sociais chegaram ontem prevê que, num máximo de 25 sábados por ano, os patrões possam exigir aos seus funcionários que trabalhem ao Sábado, sem uma folga compensatória e recebendo 25% acima do valor do trabalho diário”.
A dificuldade está em que, com uma semana de trabalho de seis dias (de segunda-feira a Sábado) “será mais difícil aos trabalhadores adventistas compensarem as horas de trabalho que não fazem ao Sábado noutro dia, já que não terão a folga respectiva para essa troca”.
Estamos perante uma medida de força legal, cujas exceções por motivos religiosos não estão ainda bem definidas (se é que alguma vez estarão…).
Uma questão que se coloca é como irá a nossa igreja abordar e lidar com o assunto. Sobre isto, e no momento atual, a já referida informação da União Portuguesa é bem esclarecedora, e nem sequer me quero aventurar a fazer qualquer tipo de consideração.
Noutro âmbito bem diferente e desafiador, e sem desmerecer eventuais dificuldades que possam surgir para muitos dos nossos membros, esta situação abre-nos algumas oportunidades de testemunho e partilha vigorosa da nossa fé.
Deixem-me ser claro: tudo isto, não pode ser surpresa para nós! Sabemos que, mais tarde ou mais cedo, de uma forma ou de outra, seríamos confrontados com este tipo de questão.
Daqui vem que podemos assumir duas posturas: 1) ficamos excessivamente afligidos, o que abriria campo à descrença e à cedência; ou, 2) assumimos a nossa fé, lealdade e fidelidade com o grande Deus, e nos preparamos para enfrentar a situação.
E com este enfrentar, não estou a sugerir qualquer tipo de ativismo contestatário e desafiador para com as autoridades civis; apenas e só que temos uma grande e visível oportunidade para partilhar a fé e a nossa mensagem específica com relação ao Sábado.
Provavelmente, teremos hipótese de explicar, quem sabe publicamente, as razões que nos levam a nos abster de trabalho secular no sétimo dia da semana – e isto, muito para além de qualquer questão civil! Poderemos mostrar pelas Sagradas Escrituras as razões desta nossa tão importante crença. Haverá pessoas que quererão saber o porquê desta posição.
Assim, não é difícil prever a eventualidade de alguns momentos delicados – as complicações relacionadas a leis civis são inevitáveis. Mas, por outro lado, mais atentos ainda devemos manter-nos com relação à missão que temos de anunciar as especiais e distintas verdades bíblicas para o tempo em que vivemos.
Veja o conselho sábio tão próprio para esta hora:
“Temos a mais alta razão para prezar Seu verdadeiro sábado e colocar-nos em sua defesa, pois ele é o sinal que distingue o povo de Deus do mundo. O mandamento que o mundo anula é aquele a que, por essa mesma razão, o povo de Deus dará maior honra. É quando o incrédulo lança desprezo sobre a Palavra de Deus que os fiéis Calebes são chamados. É então que eles permanecerão firmes no posto do dever, sem ostentação e sem se desviarem por causa do vitupério” (Ellen White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 369).
Que Deus nos ajude a estar à altura dos tempos.

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