“Sou jovem homossexual e odeio isso. Pensei em me matar por ser humilhado e pelo desgosto de ser assim. Ajudaram-me a tentar assumir. Piorou porque não me sinto feliz assim. Sou doente, culpado? É verdade que já se nasce geneticamente homossexual? O que fazer com a sociedade que me reprime?” P. D. V., Brasília, DF.

A ciência não comprova que uma pessoa nasce homossexual. Pessoas muito sensíveis emocionalmente, vivendo numa família que tenha condutas psicológicas complicadas, que contribuam para auto-imagem doentia, somando-se isso a alguma facilidade genética, podem, desde cedo, experimentar inseguranças emocionais  que as encaminham muito inconscientemente para condutas homossexuais. Parece, entretanto, que uma alteração genética ligada à orientação sexual do indivíduo não determina, por si só, a preferência sexual. Cientistas acreditam que junto à alteração no gene precisa haver, no ambiente em que a pessoa passa os primeiros anos de vida, um clima afetivo favorecedor desse desvio de conduta afetivo-sexual. Podendo ser: um ambiente hostil, promovendo sensação de rejeição ou desprezo; imagem do progênito, do mesmo sexo, negativa e/ou ausente; pai/mãe que deprecia e/ou trata a criança um tanto inconscientemente (ou não) como se ela fosse de outro sexo ou até por desejo de que fosse. Além disso, há a maneira como a própria pessoa reagiu ao meio.

Homossexualidade é o resultado de conflitos inter e intra-pessoais, como: fobia, dependência de drogas, transtorno obcessivo-compulsivo, reação de conversão no sentido de ser a expressão melhor da pessoa diante do que ela herdou geneticamente e reagiu ao meio ambiente nos primeiros anos de vida. É, ao mesmo tempo, a expressão do sofrimento (ou de que há sofrimento) e a defesa contra algo mais doloroso, mais desagregador.

A questão importante não é se você é culpado ou não, mas sim, quão responsável é por sua conduta no sentido de como lida com seus impulsos e desejos. Se tenta assumir, não se sente feliz e adequado. Portanto, a ajuda de que necessita não é para assumir o homossexualismo, mas para obter a vitória sobre ele. Sua tarefa não é eliminar os impulsos, fantasias e desejos homossexuais, mas não se deixar levar por essas coisas quando elas surgirem. É evitar erotizar os relacionamentos, viver a afetividade com as pessoas de uma maneira não sensualizada. Dar prioridade ao afeto, não ao impulso homossexual. Lutar por uma relação afetiva – estou dizendo afetiva, não sexual, não erótica – com uma garota que ame.

A sociedade que discrimina o homossexual é preconceituosa, ignorante (falta de conhecimento) e hipócrita. Porque pessoas dessa sociedade têm problemas emocionais tão sofredores quanto dos homossexuais, mas negam, escondem ou os “resolvem” (não resolvem) com métodos insalubres, como álcool, drogas, abuso da heterossexualidade, excesso de trabalho, extremismo religioso ou outro, busca desenfreada de poder, consumismo. Não ligue para o que a sociedade preconceituosa diz, mas para o que você precisa resolver – seus conflitos emocionais que aparecem na forma de homossexualidade.


Orientação dada pelo Dr. César Vasconcellos de Souza, publicada na revista Vida e Saúde em julho de 1997.

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