Desde a antiguidade, a cidade de Babilônia simbolizou o desafio a Deus. Sua torre era um monumento da apostasia e um centro de rebelião (Gênesis 11:1-9). Lúcifer (Satanás) era o seu rei invisível (Isaías 14:12-14) e parece que ele pretendia fazer de Babilônia uma agência de governo da raça decaída. Ao longo de toda a Bíblia, a batalha entre a cidade de Deus (Jerusalém) e a cidade de Satanás (Babilônia), ilustra o conflito entre o bem e o mal.

 

Durante os primeiros séculos da era cristã, quando os romanos oprimiam tanto os judeus quanto os cristãos, estes referiam-se na literatura à cidade de Roma como sendo Babilônia.1 E muitos crêem que Pedro usou Babilônia como pseudônimo para Roma (I Pedro 5:13). Em virtude de sua grande apostasia e perseguição, a maioria dos protestantes da era da Reforma e da Pós-Reforma referiam-se à Igreja de Roma como sendo a Babilônia espiritual (Apocalipse capítulo 17), a inimiga do povo de Deus.2

 

No Apocalipse, Babilônia refere-se a uma mulher de má qualidade, a mãe das “prostitutas”, e a suas filhas impuras (Apocalipse 17:5). Ela simboliza todas as organizações religiosas apóstatas, e, de modo especial à grande aliança religiosa entre a “besta e a sua imagem”, a qual trará a crise final descrita em Apocalipse 13:14-17. A mensagem do segundo anjo expõe a natureza universal da apostasia babilônica e o seu poder repressor, anunciando que ela “tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Apocalipse 14:8). O “vinho” de Babilônia representa seus ensinos heréticos, e ela pressionará os Estados para que estes obriguem à imposição universal de seus falsos ensinos religiosos e decretos.

 

A “fornicação” ou “prostituição” mencionada representa o relacionamento ilícito entre Babilônia e as nações – entre a igreja apóstata e os poderes civis. Ela deveria ser a noiva do Cordeiro, mas, ao buscar apoio do Estado em vez de apoiar-se no Senhor, ela deixa seu Esposo e comete adultério espiritual (cf. Ezequiel 16:15; Tiago 4:4). Esse relacionamento ilícito resulta em tragédia. João vê os habitantes da Terra “embriagados” com falsos ensinos, e a própria Babilônia “embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus”, as quais se recusaram a aceitar doutrinas não baseadas na Bíblia e a submeter-se à autoridade da “grande meretriz” (Apocalipse 17:1-6 cf Isaías 24:5-6).

 

Babilônia caiu porque se recusou a atender à mensagem do primeiro anjo – o evangelho da justificação pela fé no Criador(a). Assim como durante os primeiros séculos da era cristã a Igreja de Roma apostatou, da mesma forma muitos protestantes da atualidade se desviaram das grandes verdades da Reforma. Esta profecia da queda de Babilônia encontra de modo especial seu cumprimento no afastamento geral do protestantismo da pureza e simplicidade do evangelho eterno da justificação pela fé, que foi uma vez o poderoso móvel propulsor da Reforma.

 

A mensagem do segundo anjo tornar-se-á crescentemente relevante à medida que o fim se aproxima. Encontrará seu completo cumprimento mediante a aliança entre as várias organizações religiosas que rejeitaram a mensagem do primeiro anjo(b). A mensagem da queda de Babilônia é repetida em Apocalipse 18:1-5, e, convida aqueles dentre o povo de Deus que ainda se encontram nos vários grupos religiosos componentes de Babilônia, a saírem de suas congregações. Diz o anjo: “Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).3

 

“As igrejas representadas por Babilônia são descritas como tendo caído de seu estado espiritual para se tornarem um poder perseguidor contra os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo (Apocalipse 12:17).”4

Babilônia é denunciada porque “tem dado a beber a todas as nações” os seus abomináveis ensinos que afrontam diretamente a Deus e a Sua lei. “O Senhor fez o mundo em seis dias e descansou no sétimo, santificando este dia e separando-o de todos os outros como sagrado a Sua própria Pessoa para que fosse observado por Seu povo durante todas as suas gerações. Mas o homem do pecado, exaltando-se acima de Deus, assentando-se no templo de Deus e ostentando-se como se fosse o próprio Deus, cuidou em mudar(c) os tempos e as leis (Daniel 7:25). Este poder, tencionando provar que não somente era igual a Deus, mas estava acima de Deus, mudou o dia de repouso, colocando o primeiro dia da semana onde deveria estar o sétimo. E o mundo protestante tem admitido que este filho [domingo] do papado seja considerado sagrado. Na Palavra de Deus, isto é chamado de fornicação (Apocalipse 14:8).”5

 

“Durante a dispensação cristã, o grande inimigo da felicidade do homem fez do sábado do quarto mandamento um objeto de ataque especial. Satanás diz: ‘Eu atravessarei os propósitos de Deus (Ezequiel 28:1-7; Ezequiel 28:13-19; Isaías 14:12-14). Capacitarei meus seguidores a porem de lado o memorial de Deus, o sábado do sétimo dia. Assim, mostrarei ao mundo que o dia abençoado e santificado por Deus foi mudado. Esse dia não perdurará na mente do povo. Apagarei a lembrança dele. Porei em seu lugar um dia que não leve as credenciais de Deus, um dia que não seja um sinal entre Deus e Seu povo. Levarei os que aceitarem este dia a porem sobre ele a santidade que Deus pôs sobre o sétimo dia.

 

Através de meu representante, engrandecerei a mim mesmo (cf Ezequiel 28:2). O primeiro dia será exaltado, e o mundo protestante receberá este sábado espúrio como genuíno. Através da não observância do sábado que Deus instituiu, levarei Sua lei ao menosprezo (…) Assim o mundo tornar-se-á meu. Eu serei o governador da Terra, o príncipe do mundo (João 14:30-31 cf João 12:31). Controlarei assim as mentes sob meu poder para que o sábado de Deus seja um objeto especial de desprezo’.”6

 

“Uma vez que o sábado desempenha papel vital na adoração a Deus como Criador e Redentor, não deveria constituir surpresa o fato de que Satanás tem levado adiante uma guerra sem tréguas na tentativa de subverter essa sagrada instituição. Em parte alguma autoriza a Bíblia a mudança do dia de adoração que Deus instituiu no Éden e reafirmou no Sinai. Outros cristãos, eles próprios observadores do domingo, reconhecem isso(d).”7

 

E essas investidas de Satanás contra o governo de Deus e Sua lei são representadas pela ação de uma babilônia mística ou simbólica, pois a literal já havia sido destruída nos tempos do Antigo Testamento e nunca mais será habitada (Isaías 13:19-21). A Bíblia de Jerusalém (tradução católica com imprimatur), comentando Apocalipse 17:5 afirma que ‘Babilônia é o nome simbólico de Roma’ e que, arrastou todas as nações à idolatria. E assim como Apocalipse capítulo 12 apresenta uma mulher pura como símbolo da igreja fiel a Deus, em Apocalipse capítulo 17, tem-se uma meretriz representando uma igreja que se prostituiu, ou seja, que corrompeu-se espiritualmente ao abandonar a Deus (cf Ezequiel 16:15-21).8

 

A Igreja de Roma é a Igreja-Mãe descrita em Apocalipse 17:5; e esta tem filhas que, embora tenham a abandonado, conservam muito de seus vícios e da sua conduta religiosa equivocada. Saíram da casa da “mãe meretriz” porém, embriagadas com o seu “vinho” de ensinos abomináveis (Apocalipse 17:4). E neste estado de “embriaguez”, não percebem esses ensinos herdados.

 

Existem pessoas sinceras dentro dessas igrejas que ainda não descobriram a revelação de Deus que está no livro de Apocalipse. Mas, permanecer nelas após conhecer a vontade do Senhor demonstra um ato de desobediência e rebelião que as identifica com os pecados de Babilônia. Por causa desta atitude, Deus Se vê obrigado a castigá-las com as pragas ou flagelos destinados a Babilônia. Antes, porém, o Salvador lhes concedem uma chance convidando-as: “Sai dela, povo Meu” (Apocalipse 18:4 cf Ezequiel 18:23; Ezequiel 33:11).9

Texto baseado em: Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 12 (O Remanescente e Sua Missão), p. 229-230.
Vídeo relacionado: A Estratégia do Inimigo
1. Midrash Rabbah on Canticles I. 6, 4.
2. FROOM, L. E. (1948). Prophetic Faith of Our Fathers, v. II, Washington, D.C.: Review and Herald, p. 531, 788.
3. SDA Bible Commentary, vol. 7, p. 828-831.
4. WHITE, E. G. Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, sec. III, cap. 11, p. 117.
5. SDA Bible Commentary, vol. 7, p. 979.
6. WITHE, E. G. Profetas e Reis, sec. II, cap. 14, p. 183-184.
7. Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 19 (O Sábado), p. 343.
8, 9. Comentários extraídos de: As Revelações do Apocalipse, cap. 21: “O Mistério de Babilônia, a Grande Meretriz”.

“(…) mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra.

(…) vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus. (…) as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. (…) A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra.” (Apocalipse capítulo 17)

O termo “Babilônia” se refere às organizações e a seus dirigentes, e não especificamente a seus membros, os quais são chamados de “muitas águas” (Apocalipse 17:15). Ela simboliza todo o sistema religioso contrário a Deus através da história; mas “Babilonia, a Grande” representa de maneira mais específica a Igreja de Roma (Igreja Católica Apostólica Romana) e o seu proceder ao longo de sua existência. Esta igreja, nos fim dos tempos, liderará a tríplice união(a) formada pelo papado, protestantismo apostatado e espiritismo.1.

A Igreja de Roma é mencionada como uma “grande meretriz” em decorrência de sua promiscuidade doutrinária e espiritual, e, devido ao alcance global de seus domínios e ensinos. Ela encontra-se “sentada sobre muitas águas”, ou seja, exerce o seu poder de forma absoluta sobre “povos, multidões, nações e línguas” (Apocalipse 17:15). Interessante observar que a palavra “católica”, adotada por esta instituição provém do grego “katholikós” e significa “universal“.

Valendo-se desse domínio e dotada de um caráter sedutor, ela persuadiu e conquistou os reis da Terra com os quais teve relações ilícitas(b) (Apocalipse 17:2). Este vínculo político-religioso entre os falsos cristãos com os poderes deste mundo (cf João 18:36) terá seu apogeu antes do segundo advento de Cristo e, está descrito também em Apocalipse capítulo 13. Ao longo dos tempos a parte política deste relacionamento concedeu sua autoridade e seus recursos para a parte religiosa (Igreja de Roma), tornando-se desta maneira cúmplice de seus crimes (Apocalipse 17:13). E, a intensidade com que “os que habitam na Terra se embebedaram com o vinho” de falsos ensinos desta igreja sempre esteve diretamente relacionada com a extensão do apoio político concedido à ela.

A Igreja Romana encontra-se “vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas.” Estas cores são largamente utilizadas em suas vestimentas sacerdotais e, tanto o clero quanto as catedrais, ostentam riquezas em suas ornamentações de elevado valor(c) (cf Apocalipse 18:16). Ela carrega também “um cálice de ouro” na qual externamente iludem as multidões com sua beleza, enquanto transborda abomináveis doutrinas e imundas relações com o mundo (Apocalipse 17:4). João descreve ainda que “Babilônia, a Grande” (Igreja de Roma) esta sobre “sete montes”(d), ou seja, que esta é a localização geográfica de sua sede. E a cidade de Roma encontra-se entre sete montes, o que a torna conhecida como a “cidade das sete colinas”(e) (Apocalipse 17:9).

“Babilônia, a Grande” é indiciada por vários crimes, tais como: Persuadir os reis (governantes) da Terra a se unirem à ela, com o intuito de promover seus próprios desígnios perniciosos; dominar por violência e afligir povos e reinos; instigar os habitantes da Terra a apoiar seus dogmas, tornando-os co-participantes de seus delitos; e, assassinato. Este último, a História retrata a Igreja de Roma como perseguidora e sanguinária (“embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus”, Apocalipse 17:6). São inúmeros os relatos de atrocidades e condenações a morte àqueles que rejeitaram seus ensinos e supremacia. O período da Inquisição(f) representa com propriedade este crime. Os exemplos nefastos citados revelam os verdadeiros propósitos de Satanás para humanidade.

“A Escritura Sagrada declara que Satanás, antes da vinda do Senhor, operará ‘com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos’, serão deixados à mercê da ‘operação do erro, para darem crédito à mentira’ (II Tessalonicenses 2:9-11). A queda de Babilônia se completará quando esta condição for atingida, e a união da igreja com o mundo se tenha consumado em toda a cristandade.

Apesar das trevas espirituais e afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo encontra-se ainda em sua comunhão. Muitos deles há que nunca souberam das verdades especiais para este tempo. Não poucos se acham descontentes com sua atual condição e anelam mais clara luz. Em vão olham para a imagem de Cristo nas igrejas a que estão ligados. Afastando-se estas corporações mais e mais da verdade, e aliando-se mais intimamente com o mundo, a diferença entre as duas classes aumentará, resultando, por fim, em separação. Tempo virá em que os que amam a Deus acima de tudo, não mais poderão permanecer unidos aos que são ‘mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela’ (Tiago 4:4).

(…) Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e cumprirá a sua obra. Quando os que ‘não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade’ (II Tessalonicenses 2:12), forem abandonados para que recebam a operação do erro, para darem crédito à mentira, a luz da verdade brilhará então sobre todos os corações que se acham abertos para recebê-la, e os filhos do Senhor que permanecem em Babilônia atenderão ao chamado: ‘Sai dela, povo Meu.’ (Apocalipse 18:4).”2

Vídeo relacionado: A Estratégia do Inimigo
a. Esforço final de Satanás para conseguir a lealdade da raça humana por meio da religião.
b. Alianças entre o cristianismo apostatado e os poderes políticos da Terra. Este é o principal meio pelo qual Satanás busca unir o mundo sob sua liderança.
c. Contrastando fortemente com a “noiva” do Cordeiro, ataviada com linho fino, limpo e branco (Apocalipse 19:7-8).
d. A palavra “monte” também é utilizada para designar poder político ou político-religioso (Jeremias 51:24-25; Ezequiel 17:22-23).
e. Grupo de sete monte (colinas) na qual a antiga cidade de Roma foi construída. São eles: Palatino, Capitolino, Quirinal, Viminal, Esquilino, Célio e Aventino. (Seven Hills of Rome. (2010). Encyclopædia Britannica. Chicago: Encyclopædia Britannica).
1. Apocalipse 16:13-14 cf Zacarias 11:4-9; Apocalipse 16:18-19.
2. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; sec. III, cap. 21, p. 389-390.

Fonte: IASD ON LINE

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