Na mitologia grega, Poseidon (ou Netuno), deus das águas, do mar e dos rios, inspirava respeito, admiração e medo com seu poder de garantir a segurança dos marinheiros ou de destruir as embarcações. Por mares e rios do Brasil, devotos das mais diferentes crenças fazem suas homenagens a deuses que protegem marinheiros e pescadores da força das águas. As comemorações são, em geral, repletas de cores e de fé. Misturam fiéis e curiosos em ritos capazes de emocionar os mais descrentes. Em comum, essas celebrações têm a água como centro das atenções, elemento vital de purificação e adoração. Em seus ritos únicos, as festas espelham crenças diferentes cujas origens se perdem no tempo.
Festa do Divino
Em nove dias de romaria, são recolhidas nas fazendas “prendas” (alimentos, na maioria das vezes) que depois serão distribuídas entre os participantes da festa, realizada em maio na cidade de Anhembi (SP). Parte da peregrinação é feita em barcos pelo rio Tietê, em alusão a um dos principais meios de transporte usados pelos bandeirantes. Nessa romaria fluvial, 120 irmãos do Divino reproduzem cenas de prováveis encontros que ocorriam no rio, em uma encenação conhecida como Encontro das Bandeiras.

Círio de Nazaré
Ruas enfeitadas, fiéis emocionados e a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, considerada protetora dos marinheiros e pescadores, protagonizam a festa. O Círio de Nazaré, realizado em Belém (PA) na segunda quinzena de outubro, recebe mais de 2 milhões de pessoas anualmente e tem como um dos seus pontos altos a romaria fluvial, incorporada à festa em 1986.
Iemanjá
O entardecer do dia 2 de fevereiro é um dos momentos mais aguardados pelos devotos de Iemanjá. É quando a praia do Rio Vermelho, em Salvador (BA), se despede de mais de 300 embarcações que levam as oferendas das centenas de pessoas que se aglomeram ali para a festa da rainha do mar. Um espetáculo assistido ao som de rodas de samba e afoxés.
Bom Jesus dos Navegantes
A procissão terrestre e fluvial, que leva a imagem do Cristo Agonizante a várias comunidades ribeirinhas, é o encerramento dessa festa que dura duas semanas. Penedo (AL) recebe milhares de pessoas em janeiro para as celebrações religiosas e atividades profanas na Festa do Bom Jesus dos Navegantes, padroeiro dos pescadores da região do rio São Franscisco.
Banho de São João
A cerimônia de banhar o santo nas margens do rio Paraguai, em um ritual que lembra o batismo de Cristo por São João Batista, é a principal marca da festa realizada em Corumbá (MS), entre 22 e 24 de junho. Nos três dias que antecedem o banho, desfiles de andores cuidadosamente enfeitados e atrações típicas de festas juninas, como pau-de-sebo e correio elegante, tomam conta da cidade.
Nossa Senhora dos Navegantes
Por mais de um século, o rio Guaíba, que atravessa Porto Alegre (RS), era o cenário por onde uma embarcação conduzia a imagem da Nossa Senhora dos Navegantes na festa em homenagem à santa. Hoje, essa procissão fluvial está suspensa, mas a festa continua tomando conta das ruas da cidade no mês de fevereiro. A imagem é conduzida por pessoas pertencentes a equipes de remo, saudadas ao longo do caminho com fogos de artifício e chuvas de papel picado, jogado pelo público.
Fonte: Horizonte Geográfico

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