“Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36).

A proposta do super-herói Superman está ligada à concepção nietzscheliana do “super-homem”, um conceito derivado da visão antropológica aristotélica de homens-servos e homens-senhores, conceitos também absorvidos por Nietzsche, mas, com inclusões de seu próprio pensamento. Aparentemente, o criador do mais conhecido super-herói não reflete, integralmente, o pensamento desse eminente filósofo nihilista, pois, o Superman não discrimina os mais fracos, como enfatiza o pensamento de Nietzsche. Outra evidência da filosofia deste pensador no super-herói é a sobreposição e a preferência do super-homem em detrimento de Cristo. Quem já leu algo de Nietzsche, percebe não apenas o seu ateísmo, mas, também, o seu anti-cristianismo latente. No mundo de Nietzsche, o homem não precisa de Deus. Na verdade, ele ficou conhecido por ser o primeiro a proclamar a “plenos pulmões” que “Deus está morto”, como o faz, por exemplo, em sua obra Gaia Ciência. Certamente, esse é, também, o mundo do Superman, um mundo sem Deus, onde o homem se basta, ou, ainda, um super-homem, basta. Percebemos, até mesmo, certa concepção messiânica aplicada ao personagem, carregando um forte sentido de “salvador” da humanidade, inclusive, morrendo por ela. Pode-se reparar, igualmente, em Kal-el, filho de Jor-el, uma indicação de “divindade”, bastando, para isso, simplesmente lembrar que el, em hebraico, é “deus”, compondo, inclusive, algumas designações de Deus, tais como El Shaddai e El Eliom. O pai e o filho são apresentados como vivendo uma espécie de “unidade”, onde o pai vive através do filho, e vice-versa, uma possível referência ao relacionamento indissolúvel vivido por Deus Pai e Deus Filho, no ambiente da Trindade.

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Quando colocamos Cristo e Superman lado a lado, percebemos contrastes abissais. A observação superficial mostra, num simples soslaio, o paradoxo entre as aparências. Enquanto o herói é visto em uniforme vistoso, em cores vivas, e apresentado como galã, o Messias se apresente com roupas simples e surradas, homem de dores, de quem se desvia o rosto. Em socorro aos seus iguais, o herói se mostra infinitamente superior, com força imensurável, singrando os céus à velocidade da luz, enquanto o Filho eterno de Deus, essencialmente diferente de nós, se fez um de nós, vivendo a mesma vida miserável, embora sem pecado, caminhando humildemente pelas poeirentas estradas da antiga Judéia, Samaria e Galiléia, fazendo uso, na maior parte das vezes, de capacidades humanas mediante a fé. Jor-el se “revela” a kal-el através de cristais, uma mera memória viva, transmitindo-lhe todo o conhecimento, pressuposto nihilista da não existência da alma e da vida futura, enquanto o Pai e o Filho desfrutam de relacionamento ontológico triúno pré-existente e atemporal, incrementado, ainda, pelo Santo Espírito. Enquanto o herói tem que se ocultar em Clark Kent para desfrutar de vida comum, o único objetivo da vida do Messias foi viver para os outros, especialmente, os eleitos. Superman não se isentou dos prazeres da vida, sendo, inclusive, um fornicário, enquanto Cristo viveu na mais absoluta renúncia e santidade. A morte do herói jamais se consumou, um pressuposto de seu “retorno”, uma vez que, na cosmovisão nihilista, a morte é não-existência. Um resquício de vida permaneceu no “super-coração”, que pôde, posteriormente, ser reanimado. O Cristo, por outro lado, é Aquele que pode dar e reaver, com autoridade própria, sua vida, pois é o Autor de toda Criação. No fim das contas, o Super-Homem mostra-se um personagem coerente com o nome que lhe foi dado; não passa disso: um “super-homem”, que reflete o ateísmo moderno e pós-moderno, a encarnação da auto-suficiência, em relação a Deus, almejada pela humanidade, um ser que não pode vencer a morte. Cristo não foi herói conforme os sonhos de distinção e superioridade humanas. No entanto, quando regressar, virá em glória, julgará vivos e mortos. O sonho do “Super-Homem” não passa de ilusão diabólica, pois só Cristo é Aquele que pode conceder vida eterna, presenteando Seus filhos com algo que o Super-Homem não consegue, nem ao menos, conceber. Cremos no Messias que não é um super-homem, mas Deus, que se fez homem.

Fonte: 1° Igreja de Itajaí

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