Execução de Joana Grey

A prematura morte do célebre e jovem monarca Eduardo IV causou acontecimentos do mais extraordinários e terríveis que jamais tiveram lugar desde os tempos da encarnação de nosso bendito Senhor e Salvador em forma humana. Este triste acontecimento se converteu logo em tema de geral lamentação. A sucessão ao trono britânico chegou a ser objeto de disputa, e as cenas que se sucederam foram uma demonstração da séria aflição na que estava envolvido o reino.

O rei, em sua longa e prolongada doença, foi induzido a fazer testamento, no qual outorgava a coroa inglesa a Lady Jane, (de 17 anos) filha do duque de Suffolk, (casada com LordeGuilford, filho do duque de Northumberland) e que era neta da segunda irmã do rei Henrique. Por este testamento se passou por alto a sucessão de Maria e Elizabete, suas duas irmãs, pelo temor à volta ao sistema do papado.

Maria não estava disposta a abdicar da sua pretensão e contava com o apoio da população por ser filha de Catarina de Aragão, que era ainda imensamente popular.

Nove dias depois de Joana ser declarada a nova rainha da Inglaterra, em 19 de julho, Maria chegou a Londres triunfante. O Parlamento inglês, então, declarou Maria como Rainha da Inglaterra e revogou a coroação de Lady Jane.  Jane e seu marido foram feitos prisioneiros com a acusação de traição na Torre de Londres.

Ao subir no cadafalso, Lady Jane se dirigiu com estas palavras aos espectadores:

“Boa gente, vim aqui para morrer, e por uma lei tenho sido condenada a isso. O fato contra a majestade da rainha era ilegítimo, e que eu acedesse a isso; porém acerca da tomada de decisão e o desejo do mesmo por minha parte ou em meu favor, me lavou neste dias as mãos em minha inocência diante de Deus e diante de vós, boa gente cristã”.

E fez então o movimento de esfregar-se as mãos, nas que tinha seu livro. Depois disse:

“Peço-vos a todos, boa gente cristã, que me sejais testemunhas de que morro como boa cristã, e que espero ser salva somente pela misericórdia de Deus no sangue de seu único Filho Jesus Cristo, e não por nenhum outro médio; e confesso que quando conheci a Palavra de Deus a descuidei, amando-me a mim mesma e ao mundo, e por isso felizmente e com merecimento me sobreveio esta praga e castigo; porém dou graças a Deus que em sua bondade me deu desta maneira tempo e descanso para arrepender-me. E agora, boa gente, enquanto estou viva, rogo-vos que me auxilieis com vossas orações”.

Depois, ajoelhando-se, se dirigiu a Feckenham, dizendo-lhe:

“Direi este Salmo?“, e ele disse: “SIM”. Então pronunciou o Salmo Miserere meu Deus em ingles, da forma mais devota até o final; depois se levantou, e deu a sua dama, a senhora Ellen, suas luvas e seu lenço, e seu livro ao senhor Bruges; depois desamarrou seu vestido, e o carrasco se aproximou para ajudá-la a tirá-lo; mas ela, pedindo-lhe que a deixasse sozinha, se voltou para suas duas damas, que a ajudaram a tirá-lo, e também lhe deram um bonito lenço com o qual vendar seus olhos.

Depois o carrasco se ajoelhou, e lhe pediu perdão, dando-o ela bem disposta. Depois pediu-lhe que ficasse de pé sobre a palha, e ao fazê-lo viu o talho. Então disse: “Rogo-te que acabes comigo rapidamente”. Depois se ajoelhou, dizendo: “Me decapitarás antes que a estique?” E o verdugo disse: “Não, senhora”. Então se vendou os olhos, e tateando para achar o talho, disse: “Que vou fazer? Onde está, onde está?”. Um dos que ali estavam a conduziu, e ela pus a cabeça sobre o talho, e depois disse: “Senhor, em tuas mãos encomendo meu espírito”. Assim acabou sua vida, no ano do Senhor de 1554, o 12 de fevereiro, tendo por volta de dezessete anos.

Assim morreu lady Jane; e naquele mesmo dia foi decapitado lorde Guilford, seu marido, um dos filhos do duque de Northumberland.

Acerca da condenação desta piedosa dama, deve lembrar-se que o juiz Morgan, que pronunciou sentença contra ela, caiu louco depois de tê-la condenado, e em seus delírios clamava continuamente que tiraram a lady Jane de diante dele, e assim acabou sua vida.

Fontes: WIKIPEDIA

O Livro dos Martires (John Fox), p. 230.

3 respostas para “O Martírio de Lady Jane Gray”.

  1. […] seus ENSINAMENTOS e faça justiça a todos aqueles que foram assassinados por ela. O que dizer do martírio de Lady Jane Grey, ou da Senhora Prest, de Girolamo Savonarola e de tantos mais que o mundo […]

  2. […] his NAME, his teachings and do justice to all those who were murdered for it. What about the martyrdom of Lady Jane Gray, or Ms. Perst, or Girolamo Savonarola and many more that the world has […]

  3. […] seus ENSINAMENTOS e faça justiça a todos aqueles que foram assassinados por ela. O que dizer do martírio de Lady Jane Grey, ou da Senhora Prest, de Girolamo Savonarola e de tantos mais que o mundo […]

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