Ellen White copiou parte de seus escritos de outros autores de sua época, se utilizando de fontes literárias. E também se utilizou de assistentes. (pessoas encarregadas de revisar seus artigos e ajudar a melhorar parágrafos). Estas não são grandes provas de que ela foi uma falsa profetisa?

RESPOSTA:
1) Uso de Fontes Literárias
Ellen White freqüentemente fazia uso de fontes literárias para comunicar suas mensagens. Ela utilizava-se de escritos históricos para melhor descrever suas visões sobre o passado. Na Introdução de um dos seus livros mais populares ela escreveu:
“Em alguns casos em que algum historiador agrupou os fatos de tal modo a proporcionar, em breve, uma visão compreensiva do assunto, ou resumiu convenientemente os pormenores, suas palavras foram citadas textualmente; nalguns outros casos, porém, não se nomeou o autor, visto como as transcrições não são feitas com o propósito de citar aquele escritor como autoridade, mas porque sua declaração provê uma apresentação do assunto, pronta e positiva. Narrando a experiência e perspectivas dos que levam avante a obra da Reforma em nosso próprio tempo, fez-se uso semelhante de suas obras publicadas“ (O Grande Conflito, pp. 7).
As pesquisas verificaram que Ellen White enriquecia seus escritos com expressões colhidas de sua biblioteca particular. Mas estima-se que isso é entre 2 e 3 por cento de sua produção literária total.
No Brasil existem mais de 50 livros publicados de Ellen White (entre originais e coletâneas), sendo 48 livros Oficiais. Vejamos a porcentagem de citações em alguns dos seus livros mais difundidos na sociedade (Fonte: Herbert E. Douglas, Mensageira do Senhor, p. 463):
1) O Desejado de Todas as Nações — 31% (a pesquisa levou 8 anos [1980-1988] e consumiu meio milhão de dólares).
2) O Grande Conflito ——– 15, 11% em citações e 5,05% sem citações, no total de 20,16%
* Em Sketches From de Life of Paul (Relatos da Vida de Paulo) fica em terceiro lugar, com 12,23% de empréstimos literários. Este livro não foi publicado no Brasil.
3) Caminho a Cristo ——- 6,23%
4) Atos dos Apóstolos —– 3,05%
5) Fé e Obras —————- 2,97%
6) Testemunhos para a Igreja V. 5 —- 2,82%
7) Mensagens aos Jovens — 2,67%
8) Patriarcas e Profetas — 2,28%
9) Mensagens Escolhidas V. 1 — 2,03%
10) Testemunhos para a Igreja V. 4 — 1,88%
11) Profetas e Reis ———- 1,51%
(Observação: Os outros 37 livros publicados no Brasil, salvo exceções, possuem em média 2% de citações)
Os críticos acusaram Ellen White de plágio porque ela incluiu tais seleções de outros autores em seus escritos. Mas o mero uso da linguagem de outro não constitui roubo literário, como observou o advogado Vincent L. Ramik , especialista em casos envolvendo patente, marca registrada, e direitos autorais.
Depois de pesquisar cerca de 1.000 casos sobre direitos autorais na história da justiça americana, Ramik escreveu um parecer legal de 27 páginas no qual ele concluiu que “Ellen White não foi uma plagiarista, e seus trabalhos não constituíram infração de direitos autorais/pirataria”. Ramik salienta vários fatores que os críticos dos escritos de Ellen White deixaram de levar em consideração ao acusá-la de roubo ou fraude literária:
1) As citações escolhidas por ela “permaneceram dentro dos limites legais de ‘uso legítimo’”.
2) “Ellen White usou os escritos de outros; mas da maneira em que ela os usou, ela os tornou singularmente seus” – adaptando as citações a sua própria estrutura literária.
3) Ellen White insistia com seus leitores que adquirissem alguns dos próprios livros dos quais ela fez uso – demonstrando que ela não tentou ocultar o fato de ter usado fontes literárias, e que ela não teve intenção de defraudar ou suplantar as obras de qualquer outro autor.
Ellen White “não copiou por atacado nem indiscriminadamente. O que ela selecionou ou não selecionou, e como alterou o que selecionou” revela que ela usou fontes literárias para “ampliar ou declarar mais energicamente seus próprios temas transcendentes; ela foi mestra, e não escrava, de suas fontes” (Herbert E. Douglas, Mensageira do Senhor, p. 458- 461).
Os Escritores Biblicos e o Uso de Fontes Literárias
Como já foi dito, Ellen White é acusada de plágio por pegar passagens de outros escritores para melhor explicar suas visões. No entanto ela fez isso numa época em que não existiam complexas leis de direitos autorais. Escritores de Direito italianos igualmente fizeram isso no século 20 e não são tão criticados assim.
O fato é que os criticos da profeta de Deuss, esquecem que a Biblia igualmente foi toda plagiada (no sentido de um autor copiar do outro sem a devida autorização e respeito as leis modernas de direitos autorais).
Lista dos livros “perdidos” ou plagiados que são mencionados na própria bíblia:
Velho Testamento:
1. Livro da Aliança (Êxodos 24:4, 7)
2. Livro das Guerras (Números 21:14)
3. Livro de Jasar ou Livro dos Justos (Josué 10:13) (2 Samuel 1:18)
4. Livro dos Estatutos (1 Samuel 10:25)
5. Livro dos Atos de Salomão (1 Reis 11:41)
6. Livro de Natã (1 Crônicas 29:29) (2 Crônicas 9:29)
7. Livro de Gade (Mesmo do número 6)
8. Profecias de Aías (2 Crônicas 9:29)
9. Visões de Ido (I Crônicas 13:22)
10. Livro de Semaías (2 Crônicas 12:15)
11. Livro de Jeú (2 Crônicas 20:34)
12. Atos de Uzias, Escrito por Isaías (2 Crônicas 26:22)
13. Livros dos Videntes (2 Crônicas 33:19)
14. Profecias de Enoque (Citado em Judas 14)
Novo Testamento:
15. Comentários de Mateus de uma profecia sobre Jesus feita por um profeta desconhecido (Mateus 2:23)
16. Epístola Perdida de Paulo (1 Coríntios 5:9)
17. Segunda epístola perdida de Paulo (Efésios 3:3-4)
18. Terceira epistola perdida de Paulo (Colossenses 4:16)
Como vimos as escrituras foram escritas por dezenas de pessoas. Cremos que todas elas tiveram a inspiração do Espírito Santo e não existem erros graves nos 66 livros oficiais da Bíblia. No entanto, pessoas inspiradas se utilizaram de material escritos por outras pessoas (as vezes não inspiradas ou parcialmente inspiradas) para completar suas idéias. Um exemplo é Paulo se utilizando de escritos pagãos:
Quando o apóstolo Paulo falou aos filósofos gregos no Areópago, em Atenas, fez referência ao altar que tinha a inscrição: “Ao Deus Desconhecido” (Atos 17.23). Paulo disse que estava anunciando esse Deus para os atenienses. Na verdade, o altar “ao Deus desconhecido” tinha uma história, de que tanto Paulo quanto aqueles filósofos tinham conhecimento.
Ao mencionar que em Deus “vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17.28), Paulo estava citando o poeta Epimênides de Creta (do sexto século a.C.). Conta-se que Epimênides foi convocado de Knossos, na ilha de Creta, para Atenas, quando os habitantes da cidade enfrentavam uma terrível peste. Nenhum dos deuses de Atenas tinha sido capaz de livrá-los dessa praga e o oráculo de Delfos indicava a existência de um Deus que não estava sendo agradado pelos atenienses. Epimênides sabia como agradar a esse Deus “ofendido e desconhecido”. Quando chegou a Atenas, soltou um rebanho de ovelhas no Areópago, orientando a população a erguer um altar “ao Deus desconhecido” no local onde elas parassem para repousar. Vários altares foram construídos e a praga cessou.
Hoje, se utilizar de escritos de outros para completar suas idéias sem citar as devidas fontes (como fez Paulo ou Ellen White) é condenável, graças as modernas leis de direitos autorais. Os críticos de Ellen White se esquecem que a Biblia, que eles tanto amam, também possui os mesmos problemas.
2) O uso de assistentes literários
Ellen White é acusada de ser falsa profeta por ter se utilizado de assistentes literários que revisavam seus escritos.
Os próprios autores bíblicos usaram assistentes literários
a) Baruque era o copista de Jeremias (Jr 36: 4, 17, 18, 27, 32). No verso 32 diz que Jeremias pediu a Baruque outra cópia, e que acrescentou palavras.
b) Paulo teve ajuda de Tercio para escrever Romanos (Rm 16:22) e de Sóstenes para escrever aos Coríntios (1 Co 1:1 comparar com 16:21).
c) Alguns provérbios de Salomão foram compilados por servos de Ezequias (Pv 25:1).
d) Há uma diferença enorme entre o estilo literário de 1 e 2 Pedro. A diferença é tão grande que críticos usam isso como argumento contra a autenticidade da Bíblia. A resposta é: 1 Pedro provavelmente foi escrita com ajuda de um assistente chamado Silvano (ou Silas 1 Pe 5:12) já que o idioma que Pedro dominava bem era o aramaico e não o grego.
Por isso, as acusações sobre Ellen White são infundadas.
Leia mais:
1- Relatório das Fontes literárias usadas no Livro O Desejado de Todas as Nações (1980-1988, ao custo de meio milhão de dólares)
2– Artigo da Revista Adventista, Junho 1982
3- Artigo de William Fagal, Diretor do White Estate na Andrews University

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